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Sobre rosas e espinhos


Eu estava saindo para o escritório quando minha esposa colheu uma rosa e deu-me de presente.


Fresca, tinha seu perfume característico, suas pétalas eram sedosas e até seus espinhos podiam ser acariciados, pois ainda que pontiagudos tinham certa flexibilidade, permitindo que eu os tocasse sem me ferir. E, claro, além destas características físicas, aquela rosa trazia consigo muito amor.


Deixei-a sobre minha mesa de trabalho, sem nenhum cuidado mais.


Os dias foram passando, as pétalas secando, desfolhando-se, a ponto de se desintegrarem. Seu aroma se perdeu.
Os espinhos, ao contrário, a cada dia ficavam mais fortes, mais rígidos. Não tardou e suas pontas mostraram a que vieram: verdadeiros bisturis capazes de cortar ao mínimo toque.

O que aprendi com aquela observação? Assim são os meus relacionamentos: tenho que cuidar sempre, todo dia um pouquinho, para manter vivos os afetos. Quanto aos espinhos, não requerem trato algum, crescem sozinhos.


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